REFLEXÃO MOTOCICLISTA

Nos dias que correm, há perguntas que têm de se fazer, antes de fazer juízos de valor.

–  Quem são os motociclistas dos dias de hoje?

Quem são os utilizadores de veículos de duas rodas dos dias de hoje, são todos motociclistas ou alguns são apenas utilizadores circunstanciais por conveniência?

Como escrevi no meu texto da Reflexão sobre ser Motociclista, para o ser, “além de entender que para desfrutar, não preciso de extravasar a minha liberdade, interferindo na liberdade dos outros, respeito muito o veículo que tenho nas mãos e se em última instância a minha vida pode depender das questões mecânicas, dependerá sempre e, na minha opinião mais ainda, da minha conduta a conduzir!”.

Penso que, assim sendo, rapidamente podemos concluir que nem todos os utilizadores de veículos de duas rodas são motociclistas.

Há um conjunto de pessoas que, ao abrigo da legislação que permite aos cidadãos com habilitação para conduzir automóveis ligeiros, passou a conceder permissão para conduzir motociclos até determinada potência (não determinada cilindrada), sem qualquer experiência anterior agora conduzem motos ou scooters, alguns com 750cc de cilindrada, com potência “estrangulada” à permitida nestas circunstâncias de habilitação de condução.

Até certo ponto, esta abertura faria todo o sentido até porque as motas mais pesadas, normalmente são mais estáveis, têm mais equipamentos de segurança passiva e assim poderíamos dizer que minimizava os riscos de acidente, comparando com as de 125cc. Eu disse até certo ponto porque mais uma vez, o risco é diminuído ou potenciado não só pelo veículo, mas fundamentalmente pelo condutor desse veículo. É infelizmente frequente ver o comportamento de alguns destes condutores com uma postura de que, agora que tenho o carro na garagem e vou na minha mota/scooter, ninguém me agarra e vou mais depressa que todos os outros!

Por esta razão, especialmente no meio urbano, os maiores sustos/calafrios que tenho apanhado, não são com automóveis, mas sim com condutores destes veículos de duas rodas. Houve inclusivamente, há uns anos, um indivíduo com uma scooter que já era conhecido pelo número de acidentes que tinha causado e fugido posteriormente, em Lisboa. Só foi identificado a apanhado com uma postura concertada entre motociclistas que, num ato de verdadeira cidadania, partilharam as características do veículo em questão e, com as autoridades, conseguiram detê-lo.

O que fica para a história, é que havia “motoqueiros” em Lisboa que circulavam que nem doidos e provocavam acidentes, fugindo de seguida… não o ato de cidadania daqueles que promoveram a sua detenção.

Mas esta é uma postura que só está ao alcance de cada um, e não falo só de situações destas, mas de todas as outras com que nos deparamos no dia-a-dia, como comuns cidadãos. Sejamos cidadãos coerentes, rejamo-nos por valores que permitam viver tranquilamente, em que nos respeitamos mutuamente nas nossas diferenças.

Boas curvas!

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