Na época de 2024, março foi tempo do AIA (Autódromo Internacional do Algarve) receber o MotoGP, que é a maior prova de desporto motorizado do nosso país.
Desde há longos anos que Portugal tem pilotos envolvidos nas maiores competições motociclísticas mundiais, e não só na velocidade.
Lembro-me rapidamente de três pilotos que foram referência, Miguel Praia na velocidade (ainda ligado à formação no AIA), o Paulo Marques ou o saudoso Paulo Gonçalves, ambos no Todo-o-Terreno. Obviamente que basta recordar os nomes presentes em provas como o Dakar, as Superbikes, SuperSport ou o Supercross, que veremos outros pilotos cujo desempenho tanto nos orgulham.
Independentemente de conseguirem ou não vencer as respectivas competições, a “onda de apoio” nacional não para de crescer. É a paixão que nos move, e não os títulos conquistados.
Estes pilotos, como que personificam internacionalmente e para o mundo, a nossa devoção ao mundo das duas rodas, o Motociclismo.
Não pretendo dizer que os motociclistas portugueses são mais apaixonados que qualquer outro no respectivo país, mas naquele que era considerado como o país dos três “efes” (Futebol, Fado e Fátima), nós certamente mostramos que quando se gosta de alguma coisa, dignidade e valor recolhem mais reconhecimento que ambição desmedida, que por vezes tão facilmente se pode tornar em arrogância.
Nos tempos que correm, o Miguel Oliveira é o nosso representante mais distinto. Enche-nos de orgulho ser português, extremamente competente tecnicamente e reconhecido por isso, mas também por manter a sua disponibilidade, frontalidade e amizade com os seus apoiantes e conterrâneos.
Outra personalidade que nos representa ao mais alto nível, é tão só o Presidente da FIM (Federação Internacional de Motociclismo), Jorge Viegas. Reconhecido e admirado internacionalmente, razão da sua reeleição para o cargo, em 2022. Se não fosse competente nas suas funções, certamente que teria cumprido um mandato e a seguir sairia. No entanto, mesmo quando era Presidente da então Federação Nacional de Motociclismo (mais tarde convertida na Federação de Motociclismo de Portugal), desde 1990, era fácil vê-lo a tomar o seu café numa pastelaria da Parede (Cascais), com a simplicidade que o caracteriza.
Por tudo isto, também nesta vertente do reconhecimento e admiração pelos nossos expoentes máximos no motociclismo, nós somos diferentes. Os valores que nutrimos e nos guiam não são tangíveis, por isso prevalecem no tempo e são difíceis de quebrar.
Saibamos nós, motociclistas, mantermo-nos assim e provar que a paixão por uma actividade pode não mover montanhas, mas ajuda a ultrapassá-las.
Boas curvas