Nesta altura em que escrevo, inicio de maio, são recordadas no nosso país, as musicas de intervenção. As letras eram sustentadas em mensagens de princípios, ideias ou reivindicações, sempre aplicáveis à sociedade como um todo. Há múltiplos exemplos na nossa imensamente rica cultura.
Atualmente, fruto das mudanças na forma de ver e viver a vida, estas mesmas mensagens tornaram-se, na sua maioria, pessoais.
Por vezes, é necessário um revisitar as origens, não para fazer igual pois as circunstâncias são diferentes, mas para reflectir e respeitar a história que nos trouxe até aqui.
E nós, motociclistas, quando usamos as nossas motas nas viagens e passeios, será que alguma vez pensámos porque é que este meio de transporte foi inventado e existe?
Essa é a razão por que eu olho sempre com um certo carinho para quem passa por mim na sua FAMEL ou CASAL ou outra qualquer marca de motorizada, com o seu cesto na grelha traseira, usando aquilo a que chamo de capacete de orelhas.
E sempre que estão parados e olham, faço questão de cumprimentar. Não com o nosso cumprimento actualmente característico em “V”, mas com um levantar da mão e, sempre que possível, um bom dia ou boa tarde. Para minha satisfação, nunca me foi negada uma resposta.
É que antes das nossas viagens ou passeios, a motorizada ou mota eram um meio de transporte para o trabalho, também largamente usado na guerra e nos correios, bem como na polícia. Foram ainda tornadas ícones cinematográficos e os grupos organizados começaram a proliferar pelo mundo.
Além de ser considerado como uma das soluções de trânsito para as grandes cidades (os automóveis em média transportam uma pessoa cada um), é hoje um símbolo de rebeldia e adrenalina para muitos, e de puro prazer e relaxamento para outros.
A minha mensagem final é então que, quando se cruzarem com o “Ti Manel” na sua FAMEL, não desprezem ou gozem, antes cumprimentem e respeitem.
Aquele veículo e utilização dada, foram o início de tudo.
Boas curvas