Fruto do fácil acesso a (quase) tudo o que se precisa na internet, há cada vez mais pessoas que se fecham no seu “casulo” e pouco interagem com os outros. A comunidade motociclística pode ser um “caso de estudo” na forma como promove a interação real entre pessoas.
Como tio de duas adolescentes da era das redes sociais, uma das situações que me tem dado um prazer imenso, é quando vamos a viajar com elas de carro, e sempre que nos cruzamos ou passamos por uma mota, vem um grito do banco de trás, com um pedido: “Vai mais devagar para os cumprimentarmos!”
Eu reduzo a velocidade, e de imediato elas põem a mão de fora da janela, com o “V” do nosso cumprimento. SEMPRE foram retribuídas no seu gesto, o que as deixa a elas e a mim muito felizes. O espírito ainda é o que era! Retribui-se um cumprimento, mesmo vindo de um automóvel.
A semente está lá! É como se já tivessem um sentimento de pertença a essa comunidade, ainda que nem idade tenham para ter mota!
Os motociclistas podem nem sequer se conhecer, mas na estrada têm o comportamento de um amigo que numa dificuldade, fará tudo ao seu alcance para ajudar o outro. Seja onde for ou seja qual for a sua proveniência, há sempre tempo para uma palavra ou uma conversa de circunstância, ou partilha de experiências.
Vários são os exemplos que guardo, das viagens que fui fazendo por aí. Uma vez, numa viagem pela Alemanha, apanhámos condições atmosféricas “menos agradáveis”, e numa paragem numa área de serviço (já bem molhados) cruzámo-nos com um grupo de 4 motociclistas 2 alemães e 2 austríacos. Estes olharam para nós e perguntaram: “o que diabo fazem aqui com este tempo? Nós acabámos de regressar do vosso país, pois lá é que está o Sol”!
No meio algumas gargalhadas, eu respondi: “sempre tivemos curiosidade em saber porque lá vão tantos de vós e tantas vezes, e viemos perceber a razão”. Todos rimos descontraidamente, e depois de um café quente, seguimos nas nossas diferentes direções.
É a agradável sensação de nunca se estarmos sozinhos, mesmo que em terras que nos são estranhas.
Mesmo numa era de relações virtuais, o lado humano do motociclista ainda prevalece, tornando-nos verdadeiros Cavaleiros Soli(t)dários!
Boas férias e boas curvas.