KISS, PORQUE NÃO?

Em Portugal existem inúmeros Motoclubes.

Estes são efectivamente uma força viva da sociedade, nos locais onde se organizam e estabelecem. Congregam entre os seus associados e amigos, cidadãos de todas as áreas de trabalho e do conhecimento, bem como de todos os extractos sociais. A paixão pelas motas que a todos une, sobrepõe-se a tudo o resto.

Por vezes uma breve passagem pela Sede do Motoclube, dar dois dedos de conversa e tomar um café é quase terapêutico.

Quando eu, num outro texto referi que ser motociclista faz bem à saúde, é também por causa disto. Para uma maior tranquilidade, manutenção da saúde mental e equilíbrio psicológico, este “Sentimento de Pertença” é fundamental!

Fruto de algumas conversas que tive, tenho a perceção de que este contributo que é dado à sociedade, é desconhecido ou desvalorizado por uma larga maioria da população, motociclista ou não. Obviamente que este não é um contributo exclusivo nosso, mas tão abrangente, será dos poucos.

Com o aproximar da primavera, estamos a entrar na nova temporada de concentrações.

Todos os anos os Motoclubes tentam dar o seu melhor na organização do seu evento, com o orgulho que todos têm no seu Logotipo.

Pessoalmente, fui a uma concentração há alguns bons anos no centro do país, que era considerada como o paraíso natural aliado às duas rodas. Primava pela diferença e excelência da oferta, baseadas na simplicidade.

Com o passar dos anos e o sentido em que a evolução dos programas progrediu, para o meu gosto pessoal (e de tantos outros), deixou de ser tão cativante. Por vezes, a convivência e partilha de experiências e histórias vividas, conhecer outras pessoas e formas de estar, passou a ser secundário pois é completamente absorvido pela oferta de eventos, que por vezes têm tanto de repetitivos, como de discutíveis.

Penso que se está a chegar a uma altura em que seria necessário parar para pensar qual o objectivo de uma Concentração Motociclística. Qual é a diferença de uma Concentração no Norte ou no Sul, no Litoral ou no Interior, se todas têm concertos musicais, shows eróticos e desfile a encerrar? Quantas concentrações incluem no seu programa um evento ou visita cultural específicos da sua zona, em que aproveitam a presença de pessoas de todo o país e do estrangeiro, para mostrar a sua cultura?

Como em tantas outras actividades, por vezes menos é mais! Que tal um regresso ao início (não ao passado) e centrarmo-nos naquilo que esteve na génese da criação dos Motoclubes? Porque não apostar num evento simples, singelo, mas cheio de significado, primando pela diferença?

Quando os mais assíduos frequentadores das concentrações dizem que é bom rever os amigos, é bem verdade. A questão que também se pode colocar, é se há muitos novos aderentes aos eventos.

Além disso, cada vez mais com os custos de organização de megaeventos, os Clubes ficam reféns de patrocínios. Não é forçosamente mau, mas quando numa área geográfica pequena existem várias associações, inevitavelmente vai haver (já há) rivalidade associada quase a um espírito de sobrevivência, pois por vezes as empresas não conseguem aceder a todos os pedidos de apoio.

Isto não é saudável nem justificável, à luz dos princípios que tanto pregamos serem os nossos.

Na minha opinião, isto acontece porque todos querem fazer melhor, mas num formato igual ou parecido. O segredo é ser criativo e inovador. Verão que assim outras pessoas aderem e se fidelizam a esses eventos, pela sua exclusividade.

Paradoxalmente, considero que desta forma, exclusividade é sinónimo de mais acessível.

A minha sugestão é a aplicação do princípio KISS: KEEP IT SIMPLE AND SMART.

Boas curvas e divirtam-se