Atualmente, na nossa sociedade, vão aparecendo cada vez mais entidades, grupos, associações, etc., em que grande parte deles partilham formas de estar, linhas de pensamento, formas de conduta, ideais ou outras particularidades de um todo que compõe o nosso dia-a-dia.
O nosso mundo motociclístico não é exceção, com o aparecimento de Motoclubes ou Grupos Motard ou Associações Motociclísticas, que mais parecem cogumelos em terreno húmido!
Claro que a diversidade e possibilidade de múltiplas escolhas é enriquecedor e desejável. Mas no meu entender, isso só acontece quando a diferença acrescenta algo de novo ou alguma mais-valia que não existia com as “ofertas existentes”.
Quando a razão por detrás da criação de novas entidades está ligada a Elitismo ou Afirmação, então para mim, isso já é discutível.
Por Elitismo, não me refiro por exemplo aos Grupos ou Clubes monomarca, pois é uma exclusividade inerente àqueles que escolheram adquirir/conduzir um mesmo modelo ou marca e aí é o seu gosto particular que os une.
Refiro-me concretamente a grupos que implicam uma estratificação social nos membros que o podem constituir, por exemplo numa determinada actividade profissional. Nestes casos, ainda que cada indivíduo seja único, a riqueza inerente à partilha e convívio entre pessoas das mais variadas proveniências, mas que partilham de uma mesma paixão, tendencialmente desaparece.
Já em relação ao que eu chamo de Afirmação, refiro-me àquelas pessoas que por alguma razão se zangam ou deixam de se sentir confortáveis a fazer parte de um Clube a que pertencem.
Em vez de se fazerem críticas construtivas com o objetivo de melhorar, decidem criar o seu ali no quarteirão ao lado, só por pirraça ou na tentativa de destruir o outro. Ou porque é difícil e dá trabalho ou porque, como vezes demais se ouve comentar, se assim fosse os louros ficariam para quem implementa e não para quem teve a ideia.
Infelizmente esta forma de estar observa-se em qualquer área de actividade, pois na realidade tudo é composto por pessoas …
O prazer de ver uma instituição a que pertencemos prosperar deveria sobrepor-se à necessidade individual de afirmação perante os outros. Mas saber atuar, ainda que na “sombra”, só pelo gosto de contribuir para o bem comum, infelizmente não prolifera.
Posso parecer de alguma forma pessimista nesta minha reflexão, mas de facto fico triste ao constatar que cada vez há mais pessoas que se deixam infetar pelo vírus do egoísmo e da autoafirmação.
Fica um desejo para 2025, de que também aqui, sejamos nós capazes de fazer a diferença e honrar aquilo a que se chama de Espírito Motociclista.
Boas curvas