CONDIÇÕES EXTREMAS, MEDIDAS EXTREMAS

As paixões, por vezes levam a extremos. Umas vezes por simples prazer, outras por necessidade.

Utilizando a mota como veículo de deslocação diária para além das viagens, quer dizer que a conduzia em qualquer situação meteorológica, pois tinha de me deslocar para o local de trabalho.

Felizmente, como a minha profissão implicava a utilização de uniforme, quando chegava de manhã tirava o equipamento da mota e voltava a vestir à tarde. De inverno, isto permitia o conforto de poder secar o equipamento durante o dia.

Mesmo nas condições mais adversas, havia sempre um prazer difícil de explicar na condução durante os trajetos. Mesmo que por vezes, a água acumulada na estrada chegasse à proteção do motor …

Nestas circunstâncias, o facto de conhecer ao detalhe cada metro do percurso, fazia toda a diferença na abordagem aos locais mais perigosos, quer fosse pelo estado do piso, quer pelos perigos apresentados por juntas metálicas, tinta da sinalização horizontal ou curvas onde normalmente havia combustível no chão.

Mas as viagens diárias mais alucinantes, foram sem dúvida as feitas nos oito meses em que residi em Sines e tinha de me deslocar diariamente para Lisboa, num total de cerca de 330 Kms diários.

O troço do trajeto na IP8/A26, que liga Sines à A2 na zona de Grândola era, e ainda é, um “comboio” infindável de camiões que se deslocam nos dois sentidos de, e para a zona industrial de Sines. Era assim o “laboratório” por excelência para pôr em prática todas as dicas e técnicas de segurança que conhecia e outras que ia adquirindo ao longo do tempo.

Talvez a mais importante tenha sido a utilização de “batedores”.

A explicação é simples. Como aquela é uma zona onde, além do tráfego ser muito intenso, no inverno é também muito frequente o nevoeiro, o que torna a visibilidade por vezes quase nula. O truque então consistia em encontrar um automóvel que, mantendo a distância de segurança necessária, me guiasse com as suas luzes de presença traseiras. Era então o meu batedor.

Com o seu trajeto mostrava-me que a estrada estava livre de obstáculos, com as suas luzes redobrava a sinalização para quem vinha de frente e era assim um companheiro inusitado de viagem. Houve situações até, em que estes se aperceberam da minha manobra, colaboravam, e quando as condições melhoravam ou nos separávamos nos trajetos, nos cumprimentámos e eu agradecia o apoio.

Um no carro e o outro na mota! BRUTAL!

Situações extremas levam a comportamentos extremos, mas não só. As aprendizagens são igualmente únicas!

Boas curvas, com segurança