Por vezes fazemos um convite a um amigo para se juntar a nós numa viagem, e a resposta é: eu até gostava, mas não tenho mota para isso. Tem pouca autonomia.
Isto acontece, na maior parte das vezes porque o objetivo principal da escolha poderá não ter sido viajar. Mas ainda assim, será que é assim tão impeditivo de uma escapadinha mais longa?
Na maioria das vezes, o maior obstáculo para dar uma resposta afirmativa a um desafio deste género que seja lançado, não é a autonomia da mota. É o aceitar dar um passo em frente, apesar de todos os estereótipos existentes.
Nas primeiras viagens mais longas que fizemos, também fomos confrontados com alguns “medos e fantasmas” do isolamento, distância, enfim … Mas tudo isso não passava do receio (legítimo) de quem iria sair pela primeira vez da sua zona de conforto, para se aventurar por outras culturas, hábitos e formas de estar.
À medida que os quilómetros vão passando, apercebemo-nos que há pessoas genuinamente boas em todo o lado, que querem é viver a sua vida e bem receber no seu país. Quanto aos outros, “assobia para o lado”!
Depois de ultrapassados estes obstáculos psicológicos, o mundo é o limite. Vejam o exemplo do dono do “Tremoço”, a Honda Monkey amarela com que deu a volta ao mundo.
A questão da autonomia da mota é uma falácia, facilmente contornável. Dentro do limite do razoável, tudo pode ser planeado de forma a lidar com essa questão. Uma dica importante é que, quanto mais longa for a viagem, mais vezes e em distâncias mais curtas se deve ir parando, mesmo por pouco tempo. Não deixar o cansaço acumular, é o segredo. Assim sendo, como é fácil concluir, a questão do abastecimento não é mais um problema.
No entanto, como até na Europa, de noite há muitas áreas de serviço que fecham, se por exemplo a autonomia for de 200 Kms, então nessas situações, planeiem tiradas como se esta fosse de 100 Kms e proporcionalmente para capacidades maiores. Assim ficam com margem para aquilo que eu chamo de prever o “fator cagaço”.
Já parei para ajudar outros motociclistas, que tinham motas com autonomias quase de 400 kms, mas esqueceram-se que tinham de levar consigo um Kit de reparação de furos… e pararam na estrada, com o depósito quase cheio.
É um erro pensar que tenho uma mota que apenas me leva aqui ou acolá. “Guess what”, eu é que levo a mota, sozinha não vai a lado nenhum!
Li uma vez uma frase que nunca mais me esqueci: Não importa a mota que tens, o que interessa é o que fazes com ela!
Boas curvas.